quinta-feira, 29 de abril de 2010

Produção de Campo Estéreo: Tudo no seu lugar!

O ser humano é um bicho “bem ansioso”. Todos nós (até mesmo os mais controlados) temos uma ansiedade de querer ver tudo pronto. Que bom seria se ao criar e compor uma música, logo que você a finalizasse aparecesse um CD com ela pronta, gravada, mixada e masterizada! Mas por outro lado, qual seria a graça de fazer uma música? Se fosse assim qualquer um teria talento para isso!
Por isso ao produzir um CD, o desafio mais chato é tentar convencer os músicos que para uma gravação ficar boa “nem tudo é uma questão de ouvido”, por um simples motivo: Quem é baterista vai querer destaque na bateria, quem é baixista vai querer mais destaque ao baixo, quem é guitarrista vai querer destaque na guitarra, quem é vocalista vai querer destaque no vocal e assim por diante. Em outras palavras: quem toca um instrumento quer que seu instrumento esteja em destaque! A maioria dos músicos se apegam aos detalhes de timbre e desempenho (que geralmente é feito com ouvido e com a emoção) que é praticamente 70% de uma gravação, porém muita vezes uma música ou CD morre por causa dos outros 30%. Por isso é que quando alguém vem dizer que “tudo se baseia em ouvido” é meia verdade. O ouvido é 80% mas os outros 20% são fatores bem decisivos numa gravação. Como um exemplo vou citar um dos erros mais comuns numa música: a falta de campo estéreo. (clique nas figuras para ampliar)
Figura 1 mostra o que mais se ouve na maioria das gravações e isso acontece quando o pessoal se preocupa mais com timbre do que colocar os instrumentos no seu lugar correto pelo “campo estéreo”, o resultado é uma mixagem “magra” e quase mono. Com esse tipo de “mixagem” fica quase impraticável tentar aumentar o som com um compressor ou limiter.
A Figura 2 é o que mais há de comum quando se grava usando o “ouvido” e não querendo saber de posicionamento estéreo. O músico vai espalhar os instrumentos justamente porque “seu ouvido vai pedir isso” e não porque entende como funciona um “mascaramento acústico”, porém na hora de finalizar, se não for gravado num bom equipamento, provavelmente não soará alto e decente.
A Figura 3 é o que a gente ouve na maioria dos trabalhos bem gravados. O instrumentos estão bem espalhados no lado esquerdo e direito, seguindo a tradicional posição de banda ao vivo. Aqui não há problema algum em tentar aumentar o som, pois se tudo estiver no local, tudo saíra com naturalidade.
A figura 4 mostra que tentaram espalhar os instrumentos pelo campo estero, mas o resultado foi desastroso. Geralmente isso indica que tudo está “fora de fase”, mas muitas músicas famosas “new age” tem esse tipo de posicionamento, porém soam medianas e não altas.
Agora, essa figura a direita. geralmente é feita pelo mestres. Pra entender vamos escutar a música guitarrista da guitarrista Orianthi, According To You. Ao escutar o video (abaixo) você vai perceber que enquanto a voz está no meio junto com o baixo e o kick, do lado esquerdo há as outras peças da bateria e primeira guitarra, do lado direito há o resto das peças da baterias, os backing vocals e a 2º guitarra. Na hora do solo, sai a voz e entra a guitarra. Perfeito!



Você sabia que muitas músicas eram ruins, e ao colocar em seu lugar no Campo estéreo viraram hits? Muitas vezes quando um música “não soa na cara” é o posicionamento do pan, e não uma questão de volume ou compressão!

Abraços!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Gravação: fazendo sua música soar alto 2






Criei essa postagem, justamente por “não encontrar quase nada sobre o assunto” por aí. Muita gente fica “presa” em regular os volumes e os timbres, e esquecem o resultado final. Para quem trabalha nisso, hoje em dia o maior (e ridículo) desafio é deixar sua música alta. Não sou de comentar muito mais CDs como Revelations do Áudio slave e o Chinese Democracy dos Gun´s Roses estão tão altos que chega doer a cabeça mesmo em falantes de computador! Se fosse algo alto e oudível, mas tudo está tão “comprido” que parece um martelo direto na sua cabeça (quem tiver os mesmos extraia uma das trilhas e observem como estão quadradas). Não estou falando das etapas de gravação e mixagem, pois isso é coisa da masterização. Mas como temos que seguir “essa ditadura” o desafio aqui pra quem tem um estúdio em casa ou um estúdio pequeno é descobrir uma maneira de fazer isso. Como saber se sua sua música está soando alto como outra do mesmo estilo ou como a(s) música(s) referência(s)? Bom meu conselho é o seguinte:

1.Faça a mixagem da sua música e queime um CD (pode ser também só o arquivo de áudio)

2.Com a música pronta, extraia a mesma do CD (ou pegue o arquivo de áudio) e coloque numa pista do seu programa de gravação (Sonar, Cubase, Acid, Reaper ...)

3.Coloque no num “bus” ou no “máster” do programa um plugin analyser (eu uso bastante o Izotope Ozone, Roger Multimeter e Wavez Paz Analyser

4.Agora você precisará de atenção: se sua referência estiver mais alta ela obviamente irá cobrirá que sua gravação, e estiver tudo meio bagunçado mas homogêneo (volumes iguais) ela pode estar no mesmo volume (jogue uma trilha para direita e outra para esquerda para sentir isso as duas tem que soar iguais ou parecidas no “meio” de sua cabeça)

5. Se sua gravação estiver mais alta, cuidado! Ou você acertou em cheio, ou está tudo comprimido demais! (veja o vídeo abaixo)



6. Se nada disso estiver funcionando, tente copiar com um equalizador as mesmas freqüências da música referências (o Izotope Ozone tem opção “matching”, ou seja copia uma freqüência e cola em outra) porém, já alerto que em poucos caso isso funciona com sucesso. Você pode tentar “abrir as freqüências”, como já comentei aqui porém cuidado ao fazer isso, pois na masterização você não puxa uma freqüência somente, puxa todas em conjuntos. Passar mais um compressor ou Limitador se aumentar as freqüências é válido. A recomendação dos produtores é sempre baixar as freqüências e não aumenta-lás.


7.Se tudo distorceu e bagunçou, comece do zero a mixagem de novo, dessa vez experimente aumentar pelos menos 1 Db cada pista e assim por diante.Muitas vezes uma música não soa alta devido a “guerra dos picos” e “mascaramento acústico” entre os instrumentos e outras vezes devido a “quantidade de instrumentos” do mesmo (por isso que música clássicas nunca soam altas). Repita o processo.

8.Cuidado com sua referências! Música de 1970, 1980 e início 1990 são baixas para os padrões de hoje. Procure referências a partir do ano de 2000 ou CD remasterizados.

9. Nem tudo de depende da masterização. Leia aqui mais sobre isso.

10. Converta para mono: muitas vezes a quantidade de pistas gravadas em estereo pode ser um fator na hora de aumentar o volume. O cálculo é simples: se a pista gravada em estereo tem 100% e você posiciona-lá em 25% no lado direito, ainda no lado direito ficará restando 75% do som! Com o mono não acontece isso! Coloque umas pistas em mono e teste o som.

Uma dica preciosa!Anote tudo o que está fazendo! Desde a gravação, mixagem e masterização! Vale a pena a tirar fotos ou gravar vídeo do seu trabalho!Anote volumes, pans, regulagens de equipamentos e plugins! Você pode criar uma tabela com Word ou Excel também!

Lembre-se: tudo em gravação de depende de equipamentos, instrumentos e desempenho. Tudo em mixagem depende de bom gosto e ouvido. Tudo em masterização depende de paciência!

Abraços!

sábado, 24 de abril de 2010

Masterização: 8 perguntas para Greg Reierson

Como é bom estudar! Isso digo com o maior prazer. Sempre tive minhas dúvidas entre o que gravação (tracking), mixagem (mixer) e masterização (máster). Assim como eu, muito acham que o ”masterizar” e o “mixar” são duas coisas feitas juntas. Mas depois dessa entrevista que traduzi com Greg Reierson (um dos maiores masterizadores americanos) feita por Steve Mueske (e pelo site Recording Song Stuff me clareou muitas coisas. Quem quiser ver o artigo original clique aqui.
NOTA: Quem sabe ler em inglês irá notar que não traduzi ao pé da letra, e sim como se ele estivesse feito a entrevista em português, onde há ( ) são comentários meus para identificar melhor certas “gírias técnicas”. Leia! Vai acrescentar bastante seu conhecimento sobre gravação!

1. Você fez o master de mais de 3500 CD nas últimas duas décadas. Quais os erros mais comuns que os clientes lhe entregam uma gravação para fazer uma masterização?

Muitos artistas agora gravam sua própria música e isso trás muitos problemas em comum a todos na hora de fazer uma mixagem. Muitas vezes suas mixagens estão muito brilhantes (agudas) ou muito abafadas (obscuras/sem força) e isso dificulta muito na hora da masterização pois ao arrumar esses problemas podem tender a piorar. Pego mixagens que estão com tantos processos que não há mais vida nelas. Eu pego gravações com o campo estéreo tão grande o som fica encoberto, em outras que o som está totalmente mono. Eu pego gravações com o vocal tão abafado que fica difícil de ouvir. Eu pego “hum” , Buzz, vocal com muitas sílabas e “tics e “click” e todos os outros tipos de barulho, e por isso os comentários que mais ouço no meu estúdio: Nunca tinha ouvido isso antes....

2. Você diz menciona que não é fã da mania atual de “deixar o som o mais alto possível” e isso é uma coisa que apareceu nos últimos 10 anos basta ver as gravações anteriores (dos anos 70, 80 e 90). O que você acha dos muitos engenheiros (de som) estão fazendo isso e porque é tão prejudicial?Você tende a incorporar essas tendências ao seu estilo ou ir contra as mesmas?

Bem, não vamos colocar lenha na fogueira! Fazer uma gravação soar alto não é tão novo quanto se pensa. Nos anos 60 todos os engenheiros tentavam fazer uma gravação soar alto com os recursos que tinham (mais havia muito barulho não haiva filtros) pois era uma forma de fazer a gravação soar melhor nas rádios (este é o maior argumento de fazer um som soar alto). Atualmente há “barulhos digitais” (digital noise) e “pesados processamento de sinais” (broadcast processing) que torna os barulhos mais estáveis pois hoje temos limitadores digitais (limiters) e “clippers” e isso permitiu aumentar consideravelmente o volume num CD! Pois uma das coisas é que os engenheiros podem abusar a mais com as ferramentas de áudio. Porém agora temos uma situação que chamo de “morte tripla” FFF (fear, fad and fashion ou medo da moda passageira). Artistas, produtores, engenheiros estão mais preocupados em fazer uma música soar alto pois acham que assim vão dizer que ela é mais profissional. Mas em algum lugar no meio do caminho eles esquecem de escutar o que acontece com a música pois todo engenheiro com quem converso odeia a chamada “guerra dos picos” (ou guerra dos volumes) e isso anda acontecendo na maioria das músicas até em gêneros como Jazz ou Folk, cuja não há sentido ter isso.(Veja o vídeo abaixo)



Os engenheiros tentam facilitar a visão artísticas de seus clientes, muitas vezes falamos isso em uma masterização extremamente alta num CD. Mas se perguntar a eles (sua opinião pessoal) a maioria dos engenheiros irá dizer que não gostam disso pois não há motivos para fazer isso já que o ouvinte pode aumentar o volume no seu aparelho de som. Por isso, há movimentos tentando baixar o volume das gravações de cd. O site tunemeup.org é um desses movimentos. Continuando a responder, há algumas tendências que influenciaram a masterização. Nos anos de 1970 quando a “gravação independente” estava na infância todos os processamentos eram baseados em válvulas. No final de 1970 e começo de 1980, os equipamentos transistorizados se tornaram comum e no meio dos anos 80 (1985, 1986) entrou o processamento digital e muitas masterizações começaram a serem feitas em estações de trabalho ditais. Porém o sons análogos de válvula sempre coincidiram com a gravação digital e alguns argumentam que a gravação digital sempre necessita de algo análogo, o que fez muitos comprarem EQ e Compressores análogos e até gravadores de vinil. Para mim qualquer ferramenta que lhe dê um trabalho melhor é uma boa escolha, por isso muitas vezes faço algo digital e depois volto pro análogo, além da tendência de sonoridade, com a qual temos de tratar, tudo o que melhor serve à música é a tendência que eu gosto de seguir.

3.Há muita desinformação sobre downsampling e dithering paricularmente na internet. Você poder falar resumidamente sobre isso?Varia por estilo? Você prefere um tipo de “dithering ou faz um por cima do outro?
Oversampling e dithering são importantes para corrigir mas ele desempenha um papel menor em grandes gravações. As peças mais importantes do “quebra cabeças” são a performance, o músico, o instrumento, a qualidade da gravação, a mixagem e a masterização nessa ordem. Com o dither coisas como se deve ou não usar dither e que tipo usar tem pouca importância, devemos usar “dither” porém você deve lembrar que não é a coisa mais importante. Quando feito o “dithering” possue 24 bits ou 16 bits (dependendo sua escolha) que irá conservar a maior parte do som se o mesmo se perder num simples erro (trucagem) ou conversão porque ele reduz bastante os erros de quantização (compilação do áudio). Eu uso um dither “flat” (sem alteramento) em 90% das gravações, ele somente trabalha sem introduzir outros problemas. Um pouco do sabor do dither interage nas freqüências mais altas de um modo inesperado. Encontro muitas vezes alguns “dither” exóticos, mais transparentes e próprios para coisas acústicas. Gosto muito do POW-r Dither (http://www.mil-media.com/pow-r.html) como implementação do meu sistema z-Q2 equalizer. Com “Downsampling” a menos que você precise converter um “sample rate” para ficar em comum com um sua Estação Digital (DAW) (ou até mesmo com um arquivo de áudio) deve ser deixado de lado antes de fazer o “dither” final.

Nota KH: Todo CD o dither sempre é 16 bits e sample rate 44 KHz, leia aqui sobre isso.
A simplifcação de Downsampling é refazer o sample rate de sua gravação em alguma conversão. Ex: 24 bits 48Khz para 16 bits 44KHz e assim por diante.

4. Masterização é descrita como a “Arte Obscura” (the dark art) muitas vezes eu penso que é por causa que as técnicas usadas são muito diferentes da gravação (tracking) e da mixagem (mixer) e muitas vezes é mal compreendida. Uma das coisas que acho incrível sobre os engenheiros de som que são especializados nisso é fazer todas as canções soarem em conjunto (todas as faixas iguais). Muito disso é baseado na experiência de seu ouvido, mas como fazer as canções soarem iguais?

Isso é uma pergunta fácil. Chamam isso “the dark art” justamente por não ser um processo acessível. Qualquer um gosta de ver o que acontece com os processos de sua gravação e mixagem, mas quando a mixagem é mandada para outra pessoa ouvir acho que funciona melhor. O que essa pessoa fazia? Como ele fazia? Que equipamento ele usou? Por que meu engenheiro de som não pode fazer isso?Para ser curto algumas coisas parecem conspirações como se houvesse um “código de secreto” onde somente que faz masterização tem acesso. Pouca gente consegue decifrar isso e essa é a questão! O próprio processo se modificou, mas quem domina esse conhecimento parte do zero para tentar uma compreensão mais clara. Muitas pessoas dessa última década infelizmente não entendem isso. Claro, há alguns consideram uma coisa meio “vudu”, por isso com os “mastering plugins” (plugins masterização, que poucos engenheiros de som dominam) se você tiver o software correto ele irá te dizer exatamente o que fazer e muito desse mito depende justamente desse processo. Um caminho é que somente alguns que tem os equipamentos certos conseguem, mas (hoje em dia) já não é tão mais escondido. Há muitas pessoas fazendo isso e nem sabemos seus nomes e muitos deles são tão bons quanto os “masterizadores” mais conhecidos e usados pelos produtores. Continuando a responder eu penso também que muita coisa tem haver como você houve seu trabalho, pois pegando uma idéia pra onde ele vai para onde ele está indo (você colocar ele nos trilhos ou pode tira-lo) pois um “masterizador profissional” sempre trabalha com a consistência. Nós pegamos mixagem feito em locais que a gravação por dia custam muito dinheiro e em muitos casos os artistas querem que sua música soe bem justamente quando muita coisa é deixado de lado pois a arte da masterização é usar todo tempo para notar pequenos detalhes. O que sobressai? O que está faltando ou está incompreensível? Por que esta canção soa vazia, ou cheia? Por que não consigo ouvir o baixo nesta canção? Por que é esta canção em mono? Que barulho é esse? Por que esta canção está diferente da outra? Uma vez que você identificou as diferenças você pode começar a reduzir gradualmente neles o que está fora (dB, freqüências, barulhos) para concluir o trabalho. Não é algo consciente, é como “um jogo de carro” que você deve “tunar” a medida que a corrida prossegue e isso não é técnica, é fazer algo acontecer, pois é preciso olhar as coisas de fora. Quem está dentro não ouve isso (escutando o trabalho repetidamente) acho que é mais fácil alguém de fora escutar.

5. A antes dos anos 80 para ser engenheiros de som muitas vezes tinha que ser empregado como aprendiz de engenheiros de som experientes, porém agora há escolas sobre isso. Há algo similar para os profissionais de masterização? Você acha melhor trabalhar com alguém que já sabe isso enquanto aprende o ofício?

Acho que não há escola sobre isso pois não há muito mercado para isso. Por exemplo, na minha cidade tem há algo em torno de 200 estúdios grandes e pequenos e somente dois que se dedicam a masterização, pois não é uma coisa que chame a atenção. Eu aprendi com dois engenheiros que já trabalhavam nisso: um da escola clássica de “ouvir e fazer” que me mostrou a importância de conhecer instrumentos reais em ambientes reais. O segundo um experiente engenheiro de som que me mostrou como funciona os equipamentos para fazer sons com transparência e corretamente e assim comecei a masterizar. Nós tentamos preservar a integridade do som enquanto o transferimos para outro processamento. O processamento “pesado” é um fenômeno recente pois agora podemos realçar as gravações e há 20 anos atrás ninguém imaginava isso. Tento devolver em favor dos novos engenheiros de som e acho relativamente fácil ensinar certas coisas que ouvi dos meus mentores, mais tive que aprender muita coisa por conta própria e isso é as vezes é difícil de ensinar! Eu posso ensinar técnicas criativas mas não tenho certeza se posso ensinar coisas que criei. Eu tenho certeza que aprendi muitos truque que estão no mercado, mas como fazer um som soar melhor somente tendo horas de prática.

6.Você é um músico e engenheiro de som. O que ajuda em ser músico ou você trabalha com as dois coisas separadas?

Não é um requerimento e muitos engenheiros não são músicos, mas confesso que assim estou bem sintonizado para música sair do meu jeito.

7.Segundo sua biogrfia você faz parte de organizações profissionais como a AES (Sociedade dos Engenheiros de Áudio) e NARAS (Academia Nacional de Gravações artísticas e ciência) . Isso promove sua carreira? Isso te deixa mais ligado a indústria fonografica?

Eu acho que o melhor caminho para uma carreira é construir uma boa reputação com seu bom trabalho, pertence a uma organização não faz nenhum trabalho aparecer diretamente. Nessas comunidades as pessoas partilham mais suas idéias. Ser um membro AES me colocou em compania de pessoas muito inteligentes e se você começa a se aproveitar disso pode se tornar preguiçoso. Tenho amigos meus que dizem que a “engenheira de som” é a NASA (agência espacial americana) dos anos de 1920 e 1930 por causa que sempre há descobertas sobre o áudio e a maneira de faze-lo ouvindo. Aprendi muito coisas com esse grupo que não aprenderia sozinho e ajudou muito na minha carreira. Eu entrei na NARAS para encontrar mais pessoas de outras partes da indústria de áudio, todos nós estamos conectado de algum modo para juntos formar a indústria musical mais bela.

8.Escutar música todo dia como profissional de áudio afeta seus hábitos pessoais? (escutar músicas que não são do seu agrado pessoal do seu gosto) Você faz crítica a música que masteriza fora do ambiente trabalho? Você faz um balanço pessoal?

Não acho que usar minha orelhas seja usar também meu cérebro, ambos trabalham duro. Escutar uma música criticamente te cobra bastante. Por isso prefiro escutar o que me dar prazer em ambientes casuais. Tenho som descente no meu carro e no meu Ipod. Tendo escutar uma música de várias maneiras, quanto mais criativo e eclético é melhor, pois somente sirvo a música.

Entrevistado por Steve Mueske
Tradução e comentário: Rafael O KH Dantas

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Harmonia: dobrando Meu amigo Pedro de Raul seixas

Salve!Toda a semana,pegar uma música famosa e como podemos "dobrar" a mesma. Provavelmente você já ouviu um termo chamado “dobra” em gravações ou shows, muitos artistas comentammas o que é isso? “Dobrar” nada é além de você fazer dois ou mais instrumentos soarem a mesma melodia ou harmonia, a coisa mais básica do mundo!O que acontece que muita gente que você vê (falo músico profissionais e amadores) tem mania de sempre fazer os mesmo acordes pra tudo! Ou seja, imagine dois violões, ou duas guitarras ou ainda uma guitarra e um violão onde os músicos fazem exatamente as notas iguais, o que isso soa no falante?Um baita chorus estéreo!
Isso acontece quando também quando se toca um piano ou sintetizador usando as mesmas notas na mão esquerda e direita, por isso essa postagem eu escrever precisamente umas dicas como acabar com esse tipo de vício nas gravações e ao vivo. É uma coisa bem simples de resolver isso:basta alguém tocar com acordes normais e a outra pessoa tocar com acordes dissonantes ou tríades. Uma maneira bem prática é chamar um amigo pra dobrar os exemplos.Vou mostrar como dá pra fazer isso hoje é na música Meu amigo Pedro de Raul Seixas. Aqui vamos usar um truque muito manjado na música country e folk americana, vamos fazer o som soar bem “aberto”

Violão ou guitarra 1: aqui usaremos os acordes normais da música, ou seja G, C, D7, Em e A. Bem simples, como se você estivesse lendo um revistinha. (CLIQUE NA FIGURA)


Violão ou guitarra 2: o violão dois, fará um som mais aberto. Ao invés de tocar os acordes normais, ele vai usar o acorde de G5, C5sus9, Dsus4, Em7 e A9 para dar mais corpo a música.Exprimente aqui também usar os acordes do violão 1 com pestana para ver como o som muda também. (CLIQUE NA FIGURA)


Teclado (cama): notas bem simples, que podem ser feitas com um órgão (esquerda) e um piano (mão direita) com inversão das notas para não soar igual.(CLIQUE NA FIGURA)



Claro, você não precisa seguir esses acordes a risca!
Exprimente fazer em outros tons com outros graus mas nunca fazendo as mesmas notas.

A letra da música é essa (nos acordes do primeiro violão). Exprimente tocar com a música (abaixo) os acordes do violão 2.



Meu conselho é que você grave essa seqüência: violão 1 coloque no canal esquerdo, A guitarra 2 no canal direito e o teclado no meio, e sinta como a harmonia irá soar mais encorpada!!!

Abraços!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Gravação: Reverb e a voz, relação de amor e ódio.

Já comentei sobre os excessos de reverb nessa postagem e por isso o que vou falar será mais sobre o uso ou mesmo na voz. Hoje em dia, gravar se tornou muito fácil pois com um pouco de equipamento dá para fazer milagres, porém o reverb virou um vilão por muitos e isso deve-se muito ao exagero do mesmo nas décadas anteriores (a música soa cafona) e como a gravação da voz está muito mais limpa, muita gente optou por não colocar mais reverb em nada e autotune está em tudo (sem contar o harmonist). A maioria das pessoas que começam a gravar acha que reverb é solução de tudo, depois trocam opiniões em fóruns e acham que não serve mais pra nada (só para efeitos de guitarra e instrumento) só que daí suas vozes começam a sair com muita diferença de “espaçamento estéreo” entre a voz e o instrumento (a voz parece um karaokê) e mesmo assim preferem não mexer.
Para os desinformados, até hoje (e talvez pra sempre) quem corrige um erro de “espaçamento estéreo” é o reverb! Pois ele coloca a “voz no eixo”como você pode ouvir n clipe de três músicas:

Anos 80 - Modern Talking - Brother Louie
Note aqui o exagero de reverb principalmente na voz, para deixar tudo igual.



Anos 90 – Mamonas Assinas - Pelados em Santos
Note que a todos os instrumentos estão equilibrados e voz está com um reverb small só para deixa-lá na frente dos outros intrumentos.



2009 – Banda Cine - Garota Radical
Note aqui a quase ausência total de reverb, e como o autotune, harmonist e delay jogam a voz para frente.




Pra finalizar, escute uma música minha:

2006 – Rafael o KH – Vontade de amar
O pessoal acha que eu gravei num estúdio “estilo anos 80”, mas a verdade que até hoje nem sei o que aconteceu, me lembro que trabalhei com equalização, compressão e reverb. Note que o reverb da bateria e da voz são os mesmo, dando a sensação de ter sido gravadas no mesmo ambiente. A verdade é que dei um corte com equalizador gráfico entre 250 k a 5k deixando essas freqüências no mínimo, e o que aconteceu que a voz para frente. Aqui também passei autotune pra corrigir imperfeições.



O que acontece muito é que apesar da voz ser muito bem gravada e equalizada, na hora da mixagem ela não fecha com os instrumentos. Isso é problema de “ambiência de gravação” pois como a voz foi gravada o mais seca possível ela não irá fechar com os instrumentos (que estão carregados de efeitos). Em gravações onde o som é acústco (violão, voz, baixolão e bateria) é mas fácil resolver esse conflito pois tudo dá pra encaixar no mesmo ambiente assim com as gravações onde não se coloca efeito em nada. Muitos plugins hoje dia resolvem esse “conflito”, são os chamados “reforçadores de sinal” porém a maneira mais simples de resolver ainda é usar o reverb com o delay (ou chorus). Reverb coloca a voz na posição dos instrumentos e o Delay coloca a mesma para frente, além da opção de você pode colocar um efeito de cada lado (por exemplo reverb na esquerda e delay na direita). Abaixo alguns truques que dá para fazer com reverb e delay para voz tiradas dos fórums do audiolist.org:

Backing vocals: quando o mais importante é a harmonia, e não a inteligibilidade, voce pode usar neles um decay mais longo e menos pre-delay, separando-os assim do vocal principal (detalhes sobre esse parâmetro mais adiante). Outro efeito interessante para backings é o harmonizer (em soft ou hardware). Aplique um detune de -10 ou -15 cents no canal esquerdo e o oposto (+10 ou +15 cents) no direito. Use delays curtos com tempos diferentes em cada canal.
O corte de graves nessas vozes costuma ser necessário a fim de não atrapalhar o restante dos instrumentos: queda gradativa abaixo de 200 ou 300Hz a depender das vozes (se masculinas ou femininas), da presença de outros instrumentos, etc.

Vocal solo (pop/rock): Reverb leve com tempo de decay curto. Quanto mais rápido for o andamento da musica, menor deve ser o decay (decaimento, ou tempo que o reverb leva até desaparecer), para não invadir um trecho seguinte da frase. Não use queda de altas, para manter a voz "na frente" da mixagem. Se isso produzir sibilância na voz, exerimente um de-esser. Para baladas românticas onde a voz precisa se destacar bem, tente um decay mais longo (1s ou mais) com um grande pre-delay (entre 60 e 100ms). Esse último parametro indica o tempo que o reverb leva para ter inicio: durante esse tempo (entre o sinal original e o inicio do reverb) não há efeito algum, o que da mais clareza e distinção à voz.

Em qualquer processador de efeitos existem presets específicos para voz, que podem ser utilizados como estão ou servir de base para experimentação. No manual são dadas informações sobre como alterar os parâmetros (decay, pre-delay, feedback, etc).
Um delay tambem pode ser aplicado em voz solo: um tempo razoavelmemte longo (maior que 250 ms) ressaltará o vocal, pricipalmente se estiver sincronizado com o ritmo da musica. Ajuste o tempo de atraso para uma subdivisão exata do andamento (mais fácil se o aparelho tiver a função "tap tampo") e o feedback entre 15 e 25%. Um delay curto (uns 30ms) pode dar "corpo" à voz, fazendo-a aparecer na mixagem sem precisar elevar o nivel ou utilizar equalização.

Um exemplo de efeito em voz para rock pesado: use um delay simples (apenas uma repetição, ou seja, minimo feedback) com corte de altas (LPF) ajustado de forma que voce tenha apenas medios-graves no delay. Isso encorpa a voz, sem aparecer demais. Acrescente um plate reverb curto e dose a gosto.


Abraços!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Masterização: não aceite apenas uma mixagem final


Muita gente teme as críticas e mesmo as quem dizem que elas são saudáveis (como eu por exemplo) morremos de medo porque é difícil ver o seu trabalho no chão. Porém para comercializar um CD ou DVD devemos ouvir as críticas, principalmente quando se diz a respeito da mixagem e masterização. Quando alguém me pede para ouvir uma música eu peço que se querem que ouça como a análise de alguém não conhece música (um ouvinte comum) ou uma análise crítica (técnica). Pra começar, um trabalho comercial não é um trabalho comum, é uma coisa que irá rodar o mercado isso serve para o amador ao profissional por isso ele precisa soar bem para as pessoas e um monte de bandas e cantores famosos perderam tudo ao lançar um trabalho mal mixado e masterizado! Estou comentando isso porque apesar de os técnicos de estúdio e produtores tentarem achar a melhor mixagem do para seu som cabe a você a palavra final pois não há como saber como o som se passa em sua cabeça. Como a maioria de nós não tem acesso a grandes estúdios olhe na capa de um CD de um "Grande Artista" onde ele foi gravado, masterizado e mixado, geralmente é um estúdio diferente para cada etapa ou por produtores diferente e isso porque nosso ouvido sempre muda de um dia para o outro.
Vou citar como exemplo um amigo meu grande compositor e cantor de MPB.
Ele gravou uma música e gastou um bom dinheiro por ela, mas não gostou do resultado final e me pediu para analisar e o que eu achei:
Como ouvinte,gostei muito do som está agradável, com muito swing e aberto e se entende a idéia do que ele passa na música se ouve muito bem a dicção do cantor.
Fazendo uma análise crítica posso dizer que:
Gostei muito do loop inicial dá a sensação de algo diferente, não há excesso de instrumentos o que daria pra fazer a música soar “um pouco mais alta”, as guitarras foram bem gravadas com timbre limpo muito legal, a bateria parece ser sample ou VSTi não soa natural quase não se houve o xipo (mesmo numa caixa de computador) e os pratos estouram, indicando um possível “excesso de compressão” e parece que os tons não estão separados por canal. O Piano Rhodes poderia ser ser aberto (um equalizador paramétrico High Self resolveria), o baixo é muito bom segue o esquema de "um kick e duas notas no baixo" porém e assim como o bumbo não está soando em caixas pequenas (falta de aumento em 5K), a caixa acompanha a voz mas está “abafada” precisaria de um reverb fraco pra dar a sensação de “pancada” e um ganho perto de 230Hz para abrir a mesma.
Meu amigo se queixa de falta de voz, realmente, a voz foi jogada para trás (possivelmente deve ter um reverb small) e por isso não soa “estéreo” e sim como um “mono bem gravado” (muitos estúdios estão com essa mania de querer colocar efeito na voz daí não soa como gravação e sim algo ao vivo). Tem efeitos de delay em frases marcantes porém a voz foi gravada por “parte” mas pelo jeito não houve nenhum “render” (junção de todas as vozes com compressão) pois em muitas partes ela está soando alta e outras baixas e esse um dos principais fatores que muitos produtores preferem gravar “vária vozes” com partes inteiras e escolher as melhores. Também notei que muitos pontos de “respiração” estão fortes demais, o que caracteriza falta de noise gate com pelo menos -30 Db de threshold. Achei que a guitarra está atrapalhando a voz, e nem por causa do volume e sim que há freqüência conflitando com a mesma. Para resolver isso, um "low self" partindo de 25o K com menos -1DB seria ótimo.
Com analisador de espectro, notei que quase não há ganhos de graves entre 20 e 60HZ e isso é bom pois a música está soando sem exageros dos mesmos ficando a critério do ouvinte colocar "sub bass" no seu aparelho de som, mas há uma falta de “freqüências medianas” de pelo menos +1DB que poderia ser resolvida com um “High Self” partindo de 250 Hz a 2.5K. Em 5K com um “notch arrow” (flecha) conseguir fazer o baixo e o kick sair em caixas pequenas sem maiores alterações nas outras freqüências.
Esse seria meu ponto de vista, já comentei com ele para mandar para o produtor Dennis Zanicoff para pegar uma segunda opinião e mais experiente e confesso que minhas análises são sempre incentivadoras, para as “pessoas não desistirem de suas músicas” .
Mas quando eu gravo faço todo mundo escutar, desde os profissionais até gente que não entende nada de música para saber sua opinião. Alguns agrado e outros não e acho que meu maior pecado em certas músicas é dar muito ganho entre 500 k e 5k que é justamente a área do nosso ouvido ouve mais. Ainda vou fazer uma nova postagem sobre masterização mas assim que tiver mais estudo e informação. Um conselho eu dou pra vocês: peçam no mínimo 5 mixagem diferentes, pois o que se houve no monitor do estúdio (principalmente aqueles teimosos que insiste em usar seu aparelho 3 em 1 como retorno) pode soar diferentes em outros locais e sempre escute primeiro baixo, vá escutando o que falta no espaço estéreo. Um conselho bem útil e muito comentado: use sempre uma música bem gravada e mixada do seu estilo como referência!

Abraços!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Produção: fazendo uma versão

Todo mundo deve ter visto a versão de “We are the world” feita para ajudar as vítimas do terremoto do Haiti, mas apesar de ter “grandes artistas internacionais da atualidade” não agradou os críticos e muita gente comprou o CD mais pela causa nobre mesmo. Versões são muito usadas e alavancaram um monte de gente que começou a carreira artística: Cássia Eller ganhou destaque nacional após fazer um versão MPB de “Por enquanto” do Legião Urbana.



Pet Shop Boys nos anos 80 fez uma versão de “You always on my mind” de Elvis Presley que era tema do seriado “Anjos da Lei”.



E mais recetemente a Banda Hori (cujo o vocalista Fiuk é filho de Fábio Júnior) fez uma versão da música Só você.



Porém pra quem não tem um jabá por trás, a coisa é complicada, por isso novamente é preciso usar bastante de “criatividade” pois uma versão pode ser o que falta em sua carreira. O problema é fazer uma versão “melhor que a original” ou pelo menos que seja diferente ao ponto de chamar atenção do público requer uma atenção mais do que criar uma música, para não ter um “exagero de notas e arranjos” e aí que muita gente “morre pela boca”. Eu já fiz muitas versões (pena não ter nenhuma registrada) com bandas e agradavam em cheio o público assim como já ouvi outras bandas fazendo versões que agradavam em cheio pois as pessoas adoram ouvir músicas conhecidas “com um molho a mais”. Isso muitas vezes é solução para você que não gosta de tocar um música pois acha mesma “um porre” pois é só você pegar o “jiló frito”, colocar uns temperos a mais de deixa-lo com outro gosto. Pense nisso!